domingo, 18 de setembro de 2011

“Eu amo você demais”



Caminhamos rumo a sua casa, um dos celulares toca, conversa durante todo o percurso e, com a outra mão, lê mensagens que também chega do outro celular. No itinerário até sua residência, ele conversa com todos que encontra, um sobrinho, o guarda do posto de saúde, os estudantes que vão à escola. Assim é Cleuton César Ferreira, mais conhecido como Kekê, 33 anos, dos quais 26 anos no meio artístico.
Vascaíno de coração e apaixonado por suas obras, Kekê é hiperativo, levanta as mãos e a cabeça quando fala, balança muito as pernas e sempre dispara a célebre frase “eu amo você demais”, para aqueles indivíduos dispostos a ouvi-lo ou que tenha algum grau de intimidade.
Pai de três filhos, um adolescente de 12 anos, uma menina de seis e uma criança de dois, a quem ele chama de dinossauro. Keké avisa que é uma forma carinhosa de chamar o filho, por causa da cabeça achatada. Coisas de artista. A excentricidade é comprovada na chegada a sua casa, quando alegremente seu filho vem recebê-lo no portão.
Natural de Curaçá, Kekê foi influenciado no meio artístico pelos amigos Pinzoh, Dodó, Nego, Clóvis, Gatinha. Todos eles personalidades curaçaenses nas palavras do próprio.
Kekê pinta, e pinta muito. Em tela, em madeira, em CD´s, em telhas. Uma de suas características é fazer alguma obra, geralmente uma tela de artistas consagrados ou regionais, e levá-la aos shows. “É um tiro no escuro, levo as telas e lá vejo o que vai acontecer, um episódio marcante foi o show do Capital Inicial, onde Dinho Ouro Preto me convidou para subir ao palco”, pontua, em êxtase.
A data ele se lembra bem, era quatro de fevereiro de 2011. Segundo Kekê, este foi o maior reconhecimento que um artista de renome nacional já lhe concedeu. Recentemente, foi ao show de Maria Gadú, também ocorrido em Petrolina, lá embolsou R$ 950,00 por quatro telas vendidas a cantora. Foi o maior valor pago ao artista pelas suas obras.
Porém, o que lhe trouxe maior satisfação foi a criação, em meados de 1994/1995, do Movimento Bichos Escrotos, junto com Maurizio Bin, também curaçaense. O movimento propunha envolver cultura, arte, música, dança, e que posteriormente tornou-se uma Banda de Rock, em plena atividade atualmente.
Sobre seus processos de criação, Kekê é pontual. “Minha arte é meio grafite, meio pincel, meio arte estêncil, meu estilo é próprio”. Calçado em um tênis estilo allstar, calça jeans, e camisa preta personalizada por ele mesmo, Keké tem todo um estilo próprio, é simples, mas nada modesto. Como artista, ele quer ser reconhecido e é. Já participou dos programas Mosaico Baiano e Bahia Esporte, da TV Bahia, do Globo Esporte nacional e nas Tvs e jornais locais.
“Eu gosto de levar a tela para o show e deixar que a galera toque, sinta, pegue nela, a energia da tela aumenta”, diz um Kekê entusiasmado, alegre e vibrante.
Um vizinho chega, começam a conversar sobre problemas no encanamento da casa de Kekê e eu me despeço de Clécia Maria, sua esposa, dos dois filhos do casal, e dele, o artista que pinta telas e contagia todo aquele que se aproxima e conversa com ele.
Juliano Ferreira (texto)
Graduando do 4° Período de Jornalismo em Multimeios da UNEB
Catharine Matos (foto)
Graduanda do 6º Período de Jornalismo em Multimeios da UNEB

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