Passam cerca de 35 mil pessoas diariamente na ponte presidente Dutra, que interliga as cidades de Petrolina e Juazeiro. Apesar de ter nascido em Juazeiro e ser de família baiana não tenho nenhuma familiaridade com a cidade. Na minha rotina diária de sair de Petrolina, atravessar a ponte com uma belíssima imagem do Rio São Francisco, passar em frente à lagoa do Calú, por alguns quebra-molas e chegar à faculdade, é o único conhecimento que eu tenho da minha cidade natal. Mas essa desatenção não é só minha, uma grande parte dos petrolinenses se encaminha a Juazeiro todos os dias para ir a alguma clinica, algum mercado, ou loja. A cidade - em si - lhes passa despercebida.
O hábito de ir sempre à cidade - exceto por obrigação ou necessidade - não acontece. É só experimentar perguntar “O que você acha de Juazeiro?” a alguém de Petrolina, que a resposta quase sempre é imediata e negativa: “Péssima”, “Desestruturada”, “Um caos”, ”De bom só a visão de Petrolina”. A diferença estrutural é o primeiro impacto entre as cidades. Ao chegar a Juazeiro temos a impressão de que estamos realmente no interior, ruas estreitas, prédios baixos, muitas pessoas andando na avenida, praças, bicicletas, casas antigas, motos, carrinhos de bebês, tudo misturado. Mas, porque essa negação da cidade co-irmã? Só pelas ruas estreitas e fachadas envelhecidas? O ar de Juazeiro seria diferente?
Um dia me peguei respirando profundamente para ver se a diferença estava no “ar”, e foi quando vi um outdoor escrito: “a maior loja do Brasil da Honda está em Petrolina”. Por um minuto, esqueci onde estava, e até os anúncios favoreciam Petrolina. O ar era baiano, mas a impressão era de que o rio separou uma única cidade. Nossa necessidade de defender nosso habitat é o responsável por essas visões deturpadas de algo desconhecido. Para entender Juazeiro é necessário ver sua geografia, entender a diferença na construção das duas cidades, e compreender que os becos e ruas estreitas contam uma história de mais de 130 anos, refletindo a diferença nos processos econômicos e históricos das duas. Devemos lembrar que estamos a 10 minutos de Juazeiro e não há 10 anos, passear na cidade e conhecer seus espaços é possível. Prestar atenção ao sorriso e ao jeito “tagarela” dos juazeirenses fará toda a diferença.
Lícia Loltran
Graduanda do 2º período do Curso de Jornalismo em Multimeios da UNEB
Foto: Filipe Durando
Lícia a crônica ficou bem interessante. Parabéns!!!
ResponderExcluirLícia adorei a sua crônica, parabéns amiga sucesso pra você !
ResponderExcluirEstamos pensando muito nessa relação, acabamos de escrever um texto sobre isso.
ResponderExcluirDá uma olhada
http://truperrante2006.blogspot.com/
bj.